O Jiu-Jitsu é uma das artes marciais mais populares do mundo e, sem dúvida, uma das mais prestigiadas no Brasil. Com raízes milenares no Japão e desenvolvida de forma singular em terras brasileiras, especialmente pela família Gracie, essa arte se consolidou como uma das modalidades mais eficazes de defesa pessoal e competição esportiva. Eduardo Raschkovsky, especialista em Jiu-Jitsu e praticante há mais de 20 anos, oferece uma visão detalhada da evolução dessa arte, sua importância no Brasil e o impacto global que ela gerou ao longo das últimas décadas.
As Origens do Jiu-Jitsu
O Jiu-Jitsu tem suas origens no Japão feudal, onde era praticado pelos samurais como uma forma de defesa pessoal caso perdessem suas armas em combate. O foco era utilizar técnicas de alavanca, torções e estrangulamentos para derrotar oponentes maiores e mais fortes. De acordo com Eduardo Raschkovsky, essa filosofia foi fundamental para o desenvolvimento do estilo brasileiro, que se baseia em princípios semelhantes, adaptados às situações modernas de combate.
“O Jiu-Jitsu brasileiro (ou BJJ) mantém a essência do estilo japonês, mas se tornou uma arte muito mais fluida e técnica ao longo dos anos, adaptando-se ao cenário competitivo moderno. Através da família Gracie, o BJJ foi refinado, colocando ênfase em situações reais de luta e no desenvolvimento de uma estratégia mais inteligente para neutralizar oponentes”, comenta Raschkovskys.
O Papel da Família Gracie
No Brasil, o Jiu-Jitsu ganhou notoriedade a partir da década de 1920, quando Carlos Gracie, inspirado pelo mestre japonês Mitsuyo Maeda, começou a desenvolver a arte que ficaria conhecida como Jiu-Jitsu Brasileiro. Ele e seus irmãos, especialmente Hélio Gracie, adaptaram as técnicas de modo a focar mais na defesa contra adversários maiores e mais pesados, tornando a modalidade acessível para pessoas de qualquer tamanho ou força.
“Hélio Gracie foi fundamental para transformar o Jiu-Jitsu em algo muito mais técnico. Ele acreditava que qualquer pessoa poderia vencer uma luta utilizando o Jiu-Jitsu corretamente. Essa filosofia de que técnica supera força é a base do que conhecemos hoje”, explica Eduardo Raschkovskys.
O estilo Gracie de Jiu-Jitsu foi testado e provado em competições de Vale-Tudo (predecessor do MMA), onde lutadores como Rickson Gracie e Royce Gracie se destacaram ao derrotar oponentes de diversos estilos, mostrando a eficácia do BJJ em combates reais.
O Jiu-Jitsu na Era Moderna: Expansão Global
A partir dos anos 1990, o Jiu-Jitsu ganhou uma nova projeção global com o surgimento do UFC (Ultimate Fighting Championship). Royce Gracie, utilizando as técnicas do BJJ, derrotou oponentes muito maiores em torneios sem categorias de peso, o que gerou uma revolução nas artes marciais e colocou o Jiu-Jitsu como uma das bases essenciais para qualquer praticante de MMA.
“Foi a partir do UFC que o mundo percebeu o quão eficaz o Jiu-Jitsu era em situações de luta real. Isso transformou o esporte e fez com que o BJJ se tornasse parte fundamental do treinamento de qualquer lutador de MMA”, analisa Eduardo Raschkovsky.
Com isso, o Jiu-Jitsu começou a se expandir internacionalmente, com academias abrindo em países como Estados Unidos, Japão, Europa e Oriente Médio. Atualmente, o BJJ é praticado em todos os continentes e tornou-se uma das artes marciais mais populares, com campeonatos mundiais atraindo atletas de todas as partes do globo.
“Hoje, temos campeonatos como o World Jiu-Jitsu Championship (Mundial) e o ADCC, que reúnem os melhores lutadores do planeta. O Jiu-Jitsu deixou de ser apenas um esporte brasileiro para se tornar uma arte verdadeiramente global”, acrescenta Raschkovskys.
A Importância do Jiu-Jitsu para a Defesa Pessoal
Embora o Jiu-Jitsu tenha se popularizado como esporte competitivo, sua aplicação na defesa pessoal continua a ser uma de suas maiores virtudes. Eduardo Raschkovskys ressalta que o BJJ é uma das artes marciais mais eficazes para situações de combate real, especialmente para quem busca uma forma de defesa eficiente sem precisar de grande força física.
“O Jiu-Jitsu ensina o praticante a utilizar o corpo de maneira inteligente. Técnicas de alavanca, estrangulamentos e imobilizações permitem que uma pessoa mais leve ou fraca neutralize um oponente mais forte. Além disso, o BJJ treina a calma e a paciência, que são fundamentais em qualquer situação de perigo”, explica Raschkovskys.
Além disso, a filosofia do Jiu-Jitsu é focada em evitar confrontos desnecessários. “Uma das primeiras lições no Jiu-Jitsu é aprender a evitar a luta. Saber defender-se é importante, mas o mais valioso é saber como evitar a situação”, completa.
Jiu-Jitsu e Qualidade de Vida
Outro aspecto importante que Eduardo Raschkovsky enfatiza é o impacto positivo do Jiu-Jitsu na qualidade de vida de seus praticantes. Além dos benefícios físicos, como aumento da flexibilidade, força e resistência, o Jiu-Jitsu também melhora a saúde mental, ensinando a lidar com situações de estresse e desafios.
“O Jiu-Jitsu é uma prática completa. É uma arte que trabalha o corpo e a mente, incentivando o autocontrole, a disciplina e a resiliência. Quem pratica Jiu-Jitsu não só aprende a se defender, mas também adquire ferramentas para lidar com as pressões da vida cotidiana”, comenta o especialista.
O Jiu-Jitsu Brasileiro se consolidou como uma das maiores contribuições do Brasil para o mundo das artes marciais. Seu impacto vai além das competições, transformando a vida de milhões de praticantes em todo o mundo. Eduardo Raschkovsky, com sua vasta experiência, destaca que o Jiu-Jitsu é mais do que uma arte marcial – é um estilo de vida que promove equilíbrio, autocontrole e superação.
“O Jiu-Jitsu tem a capacidade de transformar vidas. Seja para defesa pessoal, competição ou simplesmente como uma forma de exercício, essa arte continua a crescer e impactar pessoas de todas as idades e origens. E a beleza do Jiu-Jitsu é que ele continua a evoluir, assim como seus praticantes”, conclui Raschkovsky.
